O plantio de cobertura verde após o cultivo da soja e antes da semeadura do trigo tem dado bons resultados entre produtores da região de Arapongas. Segundo o engenheiro agrônomo Roverson Islan Flach, da unidade local da Cocamar, como normalmente a colheita de soja acontece entre 15 de fevereiro e 15 de março na região e as primeiras áreas de trigo só começam a ser semeadas a partir de 15 de abril, o solo permanece em pousio neste período. Daí surgiu a ideia de aproveitar o período para o plantio intercalar de cobertura verde.
Intercalar – Deixar a área parada todo esse tempo sempre incomodou o cooperado Carlos Francisco Semião e seu sócio José Francisco Alves de Sousa, que plantam milho safrinha e trigo no inverno e soja no verão. Eles, que são atendidos por Roverson, viram a possibilidade de fazer uma cultura intercalar e melhorar a estrutura do solo, além de reduzir a infestação de plantas daninhas, especialmente as que têm apresentado maior resistência nos últimos anos, como o capim amargoso e a buva. “Devido ao longo período sem cultivo, de 45 a 60 dias sem nada no campo, a infestação de plantas daninhas sempre acabava sendo um pouco mais complicada”, afirma Semião.
Bons resultados – No ano passado, o produtor plantou 10 alqueires de milheto super precoce logo após a colheita da soja e dessecou para o plantio de trigo, conseguindo formar uma boa palhada. “Gostei muito dos resultados. A cobertura deixada pelo milheto e mais a palhada do trigo reduziram significativamente a presença de plantas daninhas na lavoura. Nem foi necessário fazer a dessecação para o plantio da soja e a área permaneceu bem mais limpa do que o normal. Mas o mais importante foi a retenção de umidade no solo”, destaca o cooperado.
Produtividade – Mesmo com as geadas e a estiagem, a área de trigo onde havia milheto produziu 80 sacas por alqueire, enquanto em outras áreas próximas as produtividades variaram de 10 sacas a 50 sacas. “Foi difícil avaliar porque a geada atingiu as lavouras com intensidades diferentes, mas mesmo assim, onde havia palhada, o trigo resistiu mais à estiagem e a terra ficou úmida por muito mais tempo”, avalia Semião.
Benefícios – Para o cooperado, o plantio de cobertura verde é uma forma de rotacionar as culturas e melhorar a estrutura do solo, comenta. “Mesmo tendo um investimento a mais, compensa porque aumenta a matéria orgânica no solo, reduz a infestação de plantas daninhas, minimiza os riscos com estiagens e aumenta a produtividade no trigo e na soja”. Semião conta que onde tinha milheto ele produziu uma média de 141 sacas de soja por alqueire na última safra, 12 sacas de soja a mais do que nas demais áreas ao lado e que tiveram praticamente o mesmo manejo e quantidade de chuva, mas, que produziram a média de 129 sacas por alqueire.
MIX- De sementes este ano, por causa de previsões de geada, o produtor plantou o trigo um pouco mais tarde, deixando a área em que fez cobertura verde para o final, na primeira quinzena de maio, e optou por uma mistura de cobertura verde de culturas: nabo forrageiro, trigo mourisco e milheto. A ideia do produtor é tornar a prática usual, fazendo a rotação todo ano em uma parcela da propriedade.
Seguindo o exemplo – Seguindo o exemplo de Semião, o cooperado José Dantas, que planta milho e trigo no inverno em Arapongas, também plantou a mistura de cobertura verde em uma parcela da área antes do trigo, visando melhorar o solo, e se os resultados forem os esperados, deve continuar o trabalho rotacionando em toda a propriedade.
Vale a pena – Roverson ressalta os principais benefícios da utilização da mistura de cobertura: aumento da atividade biológica; infiltração e retenção de água no solo; palhada e raiz diversificadas; supressão de plantas daninhas; manutenção da umidade do solo, prevenindo período sem chuva; ciclagem de nutrientes; melhora do perfil do solo; e maior a segurança da produtividade das culturas subsequentes.
Produção – A Cocamar tem difundido a prática e firmou parceria com uma sementeira para a produção da mistura de sementes de cobertura verde aos produtores interessados.