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O Dia de Campo sobre ILPF na Fazenda Flor Roxa

 

Com quase uma centena de participantes, entre produtores de várias regiões, representantes e técnicos da Cocamar, especialistas da Embrapa e outros, a Caravana ILPF – uma iniciativa da Rede ILPF – participou na manhã de terça-feira (9/8) em Jardim Olinda (PR), na Fazenda Flor Roxa, de um dia de campo sobre Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).

Conduzida pela família Vellini, a propriedade de 650 alqueires (1.573 hectares) possui 500 hectares mantidos com ILPF, tendo começado há cerca de duas décadas por incentivo da Cocamar que, com o apoio da Embrapa, instalou ali uma área demonstrativa. Enquanto o marido César e o filho Vítor, ambos engenheiros agrônomos, se dedicam à agricultura, a médica-veterinária Márcia responde pela pecuária.

“Em duas décadas, aprendemos muito”, comentou César, frisando que a região apresenta solo e clima muito desafiadores, pois a propriedade fica a uma baixa altitude e é margeada pelo Rio Paranapanema. “Um ano é diferente do outro e temos que ficar atentos a tudo”, disse.  

Segundo César, a fazenda tinha grande parte de suas terras arrendada por uma usina para o cultivo de cana-de-açúcar e mantinha pecuária extensiva. Atualmente, produz soja no verão, milho no inverno e possui um rebanho formado por animais angus que são abatidos precocemente, com cerca de 24 meses, ao peso médio de 22 arrobas.  

As lavouras apresentam, todos os anos, boas médias de produtividade, superiores, inclusive, a de regiões de solo e clima menos hostis, à exceção da safra de verão 2021/22, quando o noroeste paranaense foi bastante castigado pela estiagem. 

No atual ciclo de inverno, por exemplo, a média do milho – cultivado em consórcio com a braquiária – tem ficado entre 240 e 300 sacas por alqueire (109 a 124 sacas/hectare), mesmo diante dos problemas enfrentados com o ataque da cigarrinha, causadora do enfezamento das plantas, comum em todas as regiões produtoras. Em Maringá e imediações, para se ter ideia, a média não tem passado de 180 sacas por alqueire (74,3/hectare). 

Em geral, as médias obtidas com soja vêm sendo iguais ou até superiores na comparação com outras regiões do noroeste. E, para incrementar a produtividade, a família acaba de adquirir uma estrutura de irrigação com pivô central. 

Há nove anos prestando acompanhamento técnico à propriedade, o pesquisador da Embrapa Soja, Alvadi Balbinot, explicou que enquanto nas regiões de agricultura tradicional, a sucessão soja-milho oferece uma diversidade bastante reduzida para a saúde do solo, o sistema soja-milho-braquiária garante “um salto”, devido ao intenso enraizamento da braquiária, o que faz toda a diferença, sobretudo em solos arenosos. “Não tem outra saída, em regiões como essa, a produção de soja e milho só é possível por meio da integração”, afirmou Balbinot. 

Ele mencionou que, entre vários outros benefícios, a forrageira melhora o solo com o aprofundamento de suas raízes, rompendo a compactação, o que favorece a infiltração de água, além de fazer a ciclagem de nutrientes de camadas mais profundas, como potássio e cálcio. Por sua vez, a espessa palhada na superfície repõe matéria orgânica, mantém o solo úmido por mais tempo e inibe o desenvolvimento de ervas daninhas de difícil controle, como a buva e o capim-amargoso. 

“Com apenas dois anos de integração bem feita, a estrutura do solo fica semelhante à de uma mata”, destacou o pesquisador. 

Sem improvisos – O produtor César Vellini comentou ser indispensável que o produtor, ao se decidir pela integração, que o faça sem improvisos e com uma adequada orientação técnica: “É preciso acompanhar tudo de perto, não adianta delegar para os funcionários e administrar por telefone”.

No inverno, se por um lado é comum no sistema tradicional os pastos minguarem em razão do frio e causando o efeito “sanfona” – com o gado engordando no verão e perdendo peso na época fria – na Fazenda Flor Roxa o volume de braquiária assegura alimentação de sobra para o rebanho, mesmo nos períodos mais críticos.

Os renques de eucalipto, por sua vez, plantados junto às cercas, oferecem conforto térmico aos animais que, nas horas mais quentes do dia, procuram o sombreamento. 

“A integração é um grande negócio para esta região”, asseverou o produtor, lembrando ainda que a Cocamar oferece facilidades, como estruturas de recebimento de grãos em Paranacity e Paranapoema, municípios próximos, além de corpo técnico para prestar apoio aos produtores, incluindo um programa destinado à compra de animais em que remunera pela qualidade diferenciada da carne.

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