Os produtores paranaenses, de uma forma geral, estão na expectativa de uma supersafra de soja. O tempo tem ajudado com chuvas regulares e a proximidade do início da colheita faz com que os riscos de eventuais problemas diminuam a cada semana.
Quando chove bem, todos produzem, mas há aqueles que vão além e não é por sorte. No município de Doutor Camargo (PR), a família Manetti vem investindo há anos na aplicação das melhores práticas e tecnologias para potencializar os resultados. E projeta uma produtividade bem acima da média regional (que é de 3.500 quilos de soja por hectare) em seus 222,6 hectares.
O Rally Cocamar de Produtividade visitou a Estância Luciana no sábado (7/1) e constatou a qualidade das lavouras. Uma planta colhida ao acaso apresentou 137 vagens – evidenciando que o investimento bem orientado em reestruturação do solo, correção, adubação conforme análise e outras medidas, combinadas à agricultura de precisão, coloca a propriedade em outro patamar.
A Estância Luciana é comandada por mulheres. Elena Manetti e as filhas Liliana e Ludmila assumiram os negócios em 2017 com o adoecimento de Aristides, o chefe da família, que faleceu em 2021. Elas decidiram implantar uma gestão empresarial, visto que Liliana e Ludmila, respectivamente farmacêutica e dentista, não acompanhavam a atividade dos pais.
Em 2018, constatando que não vinham sendo bem assessoradas por uma empresa, elas mantiveram contato com a Cocamar e passaram a ser assistidas pelo Grupo Mais, um serviço de consultoria técnica prestado pela cooperativa. “A gente queria contar com um apoio técnico especializado”, afirma Ludmila, ao lado da irmã, que explica: “o objetivo era ter um bom acompanhamento e extrair todo o potencial da lavoura”.
Desde 2020 elas são orientadas pelo engenheiro agrônomo José Eduardo Marcon, da cooperativa, que tem mestrado em Ciências Agrárias. Segundo ele, a família se preocupa, principalmente, em construir um bom perfil de solo, nas partes física, química e biológica, para garantir mais estabilidade da produção.
A aplicação de calcário é feita com taxa variável e a recuperação do solo se dá com escarificação mecânica e o plantio de braquiária. Outra frente de investimento compreende o parque de máquinas. Além de dois tratores adquiridos há alguns anos, a família passou a contar com distribuidor de calcário com taxa variável, GPS e piloto automático e uma nova plantadeira.
“Trabalhamos com os pés no chão”, diz Liliana, acrescentando estar havendo uma mudança de cultura em relação ao que era feito antes. Elas contam com os préstimos do funcionário Antônio Carlos Cardoso, há 32 anos com a família e que mora na propriedade. O genro dele, Júnior, também está inserido nas atividades.
“Temos com a Cocamar uma relação de extrema confiança”, comenta Liliana, assinalando que a família recebe orientação da cooperativa, também, quando da venda da produção. Ela e a irmã se assustaram no início com o volume de recursos dispendidos na compra de insumos, mas depois entenderam que vale a pena investir nas tecnologias mais modernas. Na safra passada, em que a agricultura da região foi fortemente impactada pela estiagem, a produtividade delas ficou acima da média regional.
“Com o suporte do José Eduardo, a gente vê a propriedade como uma empresa e tem tranquilidade”, pontua Ludmila.
“A confiança que a família tem no nosso trabalho e na cooperativa, soma muito para que se possa desenvolver um bom trabalho e dar os melhores resultados”, cita o engenheiro agrônomo, lembrando que ele precisa ser o mais sustentável possível, ou seja, “fazer com que o negócio seja economicamente viável e rentável para que possam crescer”.
O aumento da produtividade, a melhoria do solo, a qualidade do trabalho, um engajamento maior das duas filhas, que vieram de outros setores: esses são alguns dos benefícios listados por Liliana, dizendo que, além de consultor técnico, José Eduardo é a ponte entre os funcionários e a cooperativa.
Para Ludmila, é preciso que as mulheres – esposas, filhos e filhas de produtores – se engajem o quanto antes. “Não esperem acontecer uma sucessão familiar não planejada”, como foi o caso delas, recomendando que a gestão seja compartilhada, o que fortalece a atividade e ameniza os riscos.
O Grupo Mais da Cocamar atende a 38 produtores cooperados, na soma das regiões da cooperativa. “Fazer um manejo bem feito é o que está ao nosso alcance para explorar todo o potencial produtivo da lavoura”, completou José Eduardo.
Em seu oitavo ano, o Rally Cocamar de Produtividade conta com os seguintes patrocinadores: Basf, Sicredi Dexis, Nissan Bonsai Motors e Fertilizantes Viridian (principais), Cocamar Máquinas, Texaco Lubrificantes, Estratégia Ambiental e Irrigação Cocamar.