Nos últimos três anos, em que os produtores cultivaram seis safras – três de verão e três de inverno – uma saraivada de problemas e dificuldades reduziu drasticamente o resultado que esperavam ter com as lavouras. O Rally Cocamar de Produtividade esteve em Paiçandu, município vizinho a Maringá, onde conversou com alguns deles.
Nos ciclos 2020/21 e 2021/22, depois da ocorrência de geadas, granizo e um intenso ataque da cigarrinha – uma das mais vorazes pragas da cultura do milho -, os agricultores, que já viviam a preocupação com o risco de faltar fertilizantes, assistiram a uma espantosa escalada dos custos de produção. Não bastasse, sofreram naquele segundo ano uma das piores secas de todos os tempos.
Em 2022/23, as safras de verão e inverno foram semeadas como as mais caras da história, o clima ajudou e a soja e o milho produziram bem. O problema é que o mercado, tão generoso durante a pandemia, veio abaixo pressionado pelas supersafras e a recomposição dos estoques internacionais.
O produtor José Iakestest, o Zinho, espelha bem a realidade vivida por muitos de seus colegas. Ele e seu sócio tiveram uma boa produtividade de soja, entre 150 e 160 sacas por alqueire (62 a 66 na medida em hectare), mas o ano que prometia compensar em parte as perdas amargadas nos dois anos anteriores, não correspondeu às expectativas.
Zinho tinha contrato e vendeu uma pequena parte a R$ 200 a saca, depois uma outra quantidade a R$ 155 e, por fim, um lote a R$ 122 a unidade. “Vendi só o necessário e ainda tenho um terço da produção guardada, esperando uma boa oportunidade”, afirma.
Já em relação ao milho colhido no inverno, cuja média ficou entre 220 e 260 sacas por alqueire (90 a 107 por hectare), ele vendeu a R$ 42 e R$ 43 a saca e garante: “fiquei no vermelho, nem deu para cobrir os custos”.
Comercializar o mínimo possível de soja na esperança de ver o mercado reagir foi o que grande parte dos produtores fez neste ano. Por isso os armazéns permaneceram cheios ao longo dos meses, situação que até dificultou o recebimento da safra de milho de inverno.
“Para esta safra, quando compramos, os insumos ainda estavam caros”, afirma Zinho, lamentando que as cotações da soja e do milho tenham caído tanto. A torcida, agora, é para que o tempo favoreça uma boa produtividade.
A família Bologuese faz a semeadura na expectativa de que chova bem e os preços reajam. “Se Deus quiser e correr bem o clima, quem sabe a gente consegue uma boa colheita e os preços melhorem um pouco”, afirma João Bologuese, ao lado do sobrinho José Adenilton Bianco. “É mais um desafio, vamos seguir em frente”, diz.
“A gente tirou um pouco o pé”, admite José, citando que a família está iniciando uma safra de verão já preocupada também com o milho de inverno. “Ainda não reservamos os insumos, estamos apreensivos com toda essa situação”, acrescenta José, lamentando: “este ano que era para gente ter ganhado dinheiro, não conseguimos”. Segundo ele, não há como deixar de semear a safrinha, mas eles ainda pretendem aguardar o mais que puderem antes de fechar negócios.
O Rally Cocamar de Produtividade, em sua 9ª temporada, acompanha o ciclo da soja do pré-plantio à colheita, ouvindo os produtores, acompanhando seu dia a dia e valorizando as boas práticas agrícolas. Seus patrocinadores são: Basf, Sicredi Dexis, Fertilizantes Viridian, Nissan Bonsai Motors, Cocamar Máquinas, Texaco e Estratégia Ambiental, com o apoio da Unicampo, Aprosoja-PR e Cesb.